terça-feira, 23 de novembro de 2010

Desassossego


 








Não consigo fechar meus olhos tão forte quanto preciso
vedar o meu sentido, evitar de ser visto.

Não consigo cerrar minha mão tão forte quanto preciso
expurgar quaisquer culpas, desmentir qualquer vestígio.

Não consigo me deslembrar dos momentos imprecisos
fingir coincidências, desmentiras ou indícios
fingir que necessito, de versos tão bonitos
quanto nossos momentos tão tristes.

E postar-me diante de qualquer alguém
e fingir estar ativo, passar por um ninguém
sem ver a culpa disto.

Não consigo desdenhar, tão moral quanto preciso
deixar de procurar suspiros ao pé do abismo,
e me afastar fortemente, e ver outros sorrisos.

Não consigo perceber a beleza em estar vivo
ter a arte de viver, ver motivos entre motivos

Não consigo correr tão rápido quanto preciso
e afastar de mim o medo do desgaste do cabível
fazer o que não dá, tornar inacessível.

Não consigo deixar claro
que se me causas desassossego
se -destoa- o meu libido,

São os últimos vestígios que mostro
do que chamo corrigível.


 por: don palacio
 feito em: 03-nov-2010
 para: hellena monfort

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vês ?


Vês? A cor rubra de meus olhos agora? Não são por teus abandonos que assim ficaram, foi o cigarro e sua cancerígena fumaça que os apodreceram. Quiçá tenha fumado por ti, mas não, nunca saberás.
Vês? A tontiês de meus passos ao me despedir de ti? Não são por dores que me causaste ao peito que de tão forte poderiam sim tê-lo ainda parado, é o efeito do álcool o qual bebi exageradamente mais que o exagero do que sinto por ti.
Vês? Ainda que perceba a tremedeira de minhas mãos ao te acenar de longe quando pela ultima vez nos vimos. Cafeína apenas, pura e de um volume absurdo, tomava as madrugadas que não raramente permanecia acordado, pensando em sei lá o que.
E as gotas que vês, pensas tu que são lágrimas? Ah não são, gotas d’água apenas que não sei de onde vem e correm por entre meus olhos convenientemente disfarçando-se então de lágrimas.
Vês? Vês? E vês tanto que não consegues enxergar o que de fato é.

por: don palacio
para: INhDETERMINAmDO
feito em: 01 - nov - 2010

Poemas que li.

Hoje li poemas,
Alguns de tão bela face que;
Distrai-me de ti.

Hoje li alguns poemas,
Alguns de tamanho teor que;
Esqueci-me por alguns segundos de ti.

Hoje li alguns poemas,
Alguns de tão profundez amor que;
Imaginei mesmo por uma vida a possibilidade do amor.

Hoje li alguns poemas,
Alguns tão parecidos comigo que;
Lembrei-me de ti, inevitavelmente.

Hoje, alguns poemas que li,
Fizeram-me pensar, na superfície de,
Insuportavelmente lhe querer.

Hoje, sob os vários poemas que li,
E em cada um deles um, um traço;
De algo o qual gostaria de dizer a ti.

Hoje, em todos os poemas que li,
Constrangedoramente você.

Por: Don palácio
Para: indeterminado
Feito em: 01-nov-2010